Um grande industrial, milionário, cansado
dos imensos trabalhos que tinha o ano inteiro,
costumava passar as férias, sossegado,
em cidades balneárias ou no estrangeiro.
Uma vez, entretanto, foi passar uns dias
numa cidadezinha humilde e modesta,
ficando à beira-mar, nas manhãs menos frias
à tarde aproveitando pra fazer sua sesta.
E ali, observava os duros labores
dos homens que do mar tiravam seu sustento,
vendo tristes mendigos, pobres pescadores
que, então, viviam em rude, agreste sofrimento.
Tentou aproximar-se de um dos caiçaras
e com ele iniciou uma conversação;
verificou tratar-se de um homem que em raras
vezes já desfrutara a civilização.
O rapaz respondia às perguntas, somente,
por duros monossilabos, esperançoso
que o aborrecido intruso fosse logo em frente,
não espantando os peixes que aguardava ansioso.
Em um dado momento indaga-lhe o ricaço:
- Escute, moço, diga-me se, porventura,
aqui onde só vejo lutas e fracasso,
nasceu um grande homem de desenvoltura?
E o humilde caiçara, sem pestanejar,
respondeu, firmemente, sem fazer gracinhas:
- Que eu ficasse sabendo aqui neste lugar
tem só nascido mesmo, muitas criancinhas...
Mariinha Mota
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