quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Minha mãe, flor imarcescível!



Mãe
Quando jovem escrevi um poema para você,
do qual não me recordo com precisão os versos...
Lembro-me, apenas, ter construído,
a partir daquela pureza adolescente,
uma declaração de amor ao sentimento de amor
extravasado continuamente dos seus poros.
Exaltei-lhe a face, o sorriso, as palavras
e tudo quanto exsurgia diante dos meus olhos
a se plantar robusto na minh'alma...
Com aquele poema, angariei um prêmio oferecido
aos jovens estudantes da região.
Mas, pergunto-me,
se foi a cadência linguística
ou o amor ali descrito,
a verdadeira razão daquela vitória...
Em realidade, isso pouco importa agora,
não obstante interesse sobrevivam, insignes,
o amor, o respeito e a admiração ali descritos,
arraigados na minha vida.

Você, Mamãe, ao invés de tão somente
fazer morada no meu coração,
dele fez seu domicílio eterno e inextinguível...

No meu pensar a respeito de você,
diviso serem as estrelas das noites ineptas
para enunciar suas bondades;
as águas dos oceanos insuficientes
para asfixiar sua fé inquebrantável
e as montanhas que ladeiam nossas terras
quedam-se anemizadas
ante o verdor da esperança, contagiante,
expressada nos seus gestos de patriotismo.
Ao pensar em você, minha Mãe,
confundo gata e leoa, mansa e feroz,
no carinho ou defesa dos seus filhotes...
Ao ambicionar ser você, Mãe poeta,
perco-me nas raias do simples arremedo
e, ao ensejo de ser educadora,
arruíno-me num confronto às palavras,
pois não cultivei a abnegação e a benevolência
naturais das suas atitudes.
Ao cobiçar ser você, Mãe amante atraente,
não ultrapasso a falível paixão
e, ao desejar ser pura,
só consigo entregar-me
aos prazeres da carne mais profundos.
Não me foi exequível, até o momento,
desenovelar os limites
da minha incapacidade de ser assim
- cabalmente humana -
como você, minha Mãe!

Engraçado...
Ainda hoje, estorvo-me,
ao procurar vocábulos ou expressões
suficientes para definir você
e, nestes momentos de inaptidão reconhecida,
restrinjo-me a ser a menina-moça de outrora,
quando encerrou assim o seu poema:

"Minha Mãe é o ser imarcescível
que descrevo nestas simples linhas.
Seu amor é tão grande, imensurável,
que já não cabe nestas frases minhas."


Felicidades, mamãe!!!

Um beijo carinhoso da filha,
Sílvia Mota.
[Homenagem realizada no Dia das Mães - 13 maio 2001]

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